Être ou ne pas être

Telle est la question. Decidi começar este artigo com Shakespeare à la française. É sem dúvida mais inspirador do que um título como « Acordo entre particípio e sujeito em verbos conjugados com Être no Passé Composé ». Assusta, não é mesmo ? Acreditem, é mais simples do que parece. Vejamos então. Para dizer « Ele trabalhou » e « Nós trabalhamos », em francês, usamos o verbo auxiliar Avoir, o nosso Ter. Assim, conjugamos Il a travaillé e Nous avons travaillé, o que, se traduzíssemos literalmente, resultaria em « Ele tem trabalhado » e « Nós temos trabalhado ». Vejam que, ao usar o verbo Ter, tanto em português como em francês, não há nenhuma modificação no particípio. Indepentendetemente da pessoa, será « travaillé/trabalhado ». Mas o que acontece quando um verbo é conjugado com  Être ? Tomemos dois exemplos : ele saiu - il est sorti ; ela saiu – elle est sortie. Pois bem, traduzindo mais uma vez de forma literal, em francês usamos « ele é saído » e « ela é saída ». Estranha construção para nossos olhos e ouvidos lusófonos, mas é assim que os francófonos expressam o passado. Agora é a sua vez. Como seria se, em português, usássemos essa mesma estrutura para o verbo « sair » na pessoa elas? Se « ele é saído» e « ela é saída », então « elas são saídas », não é mesmo ? Voilà ! É por isso que os particípios dos verbos conjugados com Être no Passé Composé seguem o gênero e o número do sujeito. Mesmo que não usemos essa contrução, somos capazes de criá-la, e acabamos naturalmente fazendo o acordo devido ao verbo Ser.  E mais um Voilà ! Por sermos falantes de uma língua latina, descobrimos que já tínhamos, na nossa lógica, o esquema do Passé Composé conjugado com Être. Quem lembra das aulas de português dos tempos de colégio ?  O verbo Ser, conecta, liga. Por isso é chamado de « verbo de ligação ». Eis nosso terceiro voilà.

Andrea Barrios